Cheguei em Londres muito cedo, pela primeira vez na vida tinha dormido no avião. Não que eu estivesse inteiro, mas não estava acabado. Peguei um trem até o hotel, que ficava na praça Norfolk em Paddington, uma estação depois de Notting Hill. Não, eu não encontrei a Julia Roberts. Quer dizer, na verdade eu encontrei, depois eu conto.
Como ainda não estava na hora do check-in deixei a mala no saguão e fui. Só tinha dois dias em Londres, e tinha que correr. Saindo do hotel passei por diversos parques, entre eles o Hyde Park, o Green Park e assim por diante até chegar ao palácio de Buckingham. Cheguei exatamente na hora da troca da guarda, mas no dia errado. Em algumas épocas do ano, só dia sim, dia não. Cheguei lá no dia não. Amanhã eu volto. No caminho, em uma tentativa meio idiota de matar a saudades de Nova Iorque, comi um cachorro quente de rua. Não era ruim, mas não era bom, e não era em Nova Iorque. Em Londres, a comida ruim bacana de comer é o famoso fish & chips. Depois eu conto. Peraí, vou contar agora senão vai acumulando. Não interessa o que te digam, tentei duas vezes e achei o Fish & Chips terrível. TERRÍVEL!!!! A batata é boa, só isso, e o peixe, medonho.
Tudo bem, como os guardas resolveram não se trocar, andei até o Picadilly Circus. Achei bem interessante o lugar. Muito menor do que eu imaginava, e com muito menos gente “diferente” do que sempre falam. Acho que é difícil achar muita gente diferente hoje em dia. Como tinha visto na internet que o Marquee era ali perto, andei um monte tentando achá-lo. Quando perguntei para uns motoristas de ônibus, eles riram da minha cara. Depois descobri que o fabuloso Marquee, onde o Pink Floyd fez alguns de seus primeiros shows, tinha mudado várias vezes de endereço e de, digamos, direção. Agora era um puteiro, ou para ser mais politacamente correto, a red light´s house. Desisti.
Acho que falei meio pouco dos parques lá em cima. Na verdade não tem mesmo muito o que falar, afinal, parque é parque, mas como gastei um bom tempo neles até chegar no palácio,e como eles são realmente fantásticos, achei que mereciam mais umas quatro linhas. Agora já deu.
Depois da chacota dos motoristas, resolvi me dedicar a uma função mais nobre. Achar a abadia de Westminster. Parece fácil no mapa, mas eu levei horas para achá-la. É uma construção fascinante, que para leigos lembra um pouco a igreja de Notre Dame. Bem ali pertinho, o Big Ben e a casa do Parlamento inglês. Acho que eu tirei umas 180 fotos do Big Ben, de tão legal que eu achei. Depois desci nas docas para ver de perto a roda gigante. Esta sim merece o nome. Andei na beira do Tâmisa até minhas pernas não aguentarem mais. Peguei um táxi e fui fazer o check-in.
Depois de ter tomado um grande copo de cerveja Ale quente, e do primeiro teste do fish & chips em um pub perto do hotel, empacotei.
PEQUENA PAUSA PARA UMA LISTA DE COISAS INUSITADAS E ALGUMAS ATÉ LUSITANAS:
· A pia tem duas torneiras. Uma para água quente, outra para água fria. Só que a água quente é quase vapor, e a fria é muito fria.
· Os taxistas não deixam você entrar no carro antes de saber para onde quer ir.
· O povo almoça sanduiche na mesa de trabalho, trabalhando. Isto eu já sabia, mas não consigo me conformar.
· Enquanto estava na BMW em Oxford, sentei três dias seguidos frente a frente com um senhor que trabalha com materiais industriais. Ele nem olhou para o meu lado, e além disto, falou exatos 529 fucks e 351 cheers then mate, nos intervalos em que eu estava na mesa.
· Na Inglaterra, deve-se ter uma espécie de alvará da prefeitura para que um casamento civil seja realizado em algum clube ou hotel. O hotel que eu fiquei em Oxford tinha.
· Aquele táxi preto tradicional custa 92.000 libras (não achei o símbolo da libra aqui no teclado) e agora vem em várias outras cores, inclusive cor-de-rosa. A maioria deles é construida em Conventry, que fica entre Oxford e Birmingham, mas a versão rosa é construida em uma região conhecida como Big River of the South. Estranho.
Voltando para Londres, o segundo dia foi bem gostoso. O sol continuava a toda, e agora descansado, peguei um busão para o leste do Tâmisa, com a intenção de conhecer as famosas Tower of London e Tower Bridge. A Tati tem razão, a Tower Bridge é a coisa mais impressionante de Londres. Realmente espetacular. Foi o lugar que eu fiquei mais tempo parado com cara de bobo. Decidi não fazer o tour pela Tower of London, pois o tempo urgia. Como havia muitos metrôs fora de serviço, e a viagem de ônibus até aqui tinha sido bem gostosa, resolvi passar o resto do dia passeando desta maneira. Próxima parada, igreja de St. Paul. Muito bonita, muito legal, fechada, tirei algumas fotos e fui. Estava louco para tirar uma foto com a estátua de um rosto preto de mulher em fente ao British Museum. Você acredita que a estátua não estava lá? Mas como? Eu vi a foto da Tati com a estátua quando ela esteve em Londres alguns anos atrás. Indignado fui perguntar para um guarda, que me falou que ela esteve lá só por alguns meses, e que por razões de segurança mandaram tirar. Resolvi não ir mais a fundo na história. Meu passe de turista não permitie maiores especulações. Saindo do museu, dei uma parada em uma Fancy That of London e comprei uma caixa de fudge, que será devidamente degustada com a Tati, em casa. Como estava na hora do almoço, parti então para a minha segunda tentativa de fish & chips. Pior do que a primeira.
Ainda dava tempo de fazer mais algumas coisas que estavam na lista antes de pegar o trem para Oxford, ou como os mais afetados chamam, Oxfordshire. Passe na Abbey Road, onde o número 3 é de propriedade da EMI, e onde Beatles e Pink Floyd gravaram seus discos mais inspirados. O Abbey Road Studio pertence à EMI desde a sua inauguração e foi lá que no final dos anos 60, enquanto o Pink Floyd gravava seu disco de estréia, os Beatles, na sala ao lado, gravavam o clássio Sg. Peppers. É claro que tirei a ridícula foto atravessando a rua na faixa de segurança.
Só falta o Madame Toussaud. No caminho, parei na lendária casa de Sherlock Holmes. O museu de cera é realmente impressionante. Lembra que eu falei que encontrei a Julia Roberts? Foi aqui. Ela estava muito bonita, com um sorriso contagiante, mas meio paradona. Não me deu a mínima. Andei por tudo para fazer valer as 12 libras gastas. Assisti até ao filme 360 graus meio bobo sobre uns ETs que querem conhecer a terra para ver as estrelas do cinema. Ufa! Voltei para o hotel, peguei a mala e fui para a estação de Paddington, para pegar o trem para Oxford.
A viagem de trem foi meio cansativa, com troca de trem porque o nosso quebrou e uma boa parte da viagem em pé no vestíbulo entre vagões. Esta foi a única parte mais ou menos da etapa “Oxford” da viagem. Além da cidade ser muito bacana, o hotel era muito bom. Four Pillar Spires, a 15 minutos de caminhada do centro da cidade, é todo de pedra, bem espalhado e com quartos muito confortáveis. O restaurante era de primeirísima qualidade, tanto nos jantares como no café-da-manhã. No primeiro dia, jantei lá mesmo, e pedi de entrada aspargos frescos cozidos, enrolados em presunto de parma, com molho quente de mostarda. Muito bom! O prato principal era carneiro com legumes. Melhor ainda! Na segunda-feira depois do trabalho, resolvi andar até o centro da cidade. Circulei um pouco por lá, tirei umas fotos noturnas, entre na pequena loja em homenagem ao livro Alice no País das Maravilhas, cujo autor era um honorário cidadão de Oxford, voltei para o hotel.
A terça-feira não foi muito diferente e na quarta, como saí do trabalho uma e meia da tarde, tive o resto do dia para conhecer a cidade para valer. A universidade de Oxford é um conjunto de escolas espalhadas pela cidade. Cada uma tem uma particularidade, sendo que algumas são muito pequenas e charmosas, enquanto outras, como a Madeleine School, são enormes e imponentes. Entrei em umas três e não me arrependi. Os prédios mais históricos datam de períodos como os séculos 1200, 1300 e 1400. Andei muito neste e dia, e pela primeira vez desde que cheguei na Inglaterra eu vi a chuva. Não só vi como minhas roupas absorveram parte dela. Nada demais. A despedida de Oxford foi especial, com uma bela volta pelo Covered Market, um mercado muito bacana, como os nossos mercados municipais, mas com coisas que só se vêem no hemisfério norte. A coisa mais legal que eu vi foi um açougue, com todos os açougueiros de camisa e gravata por baixo daqueles guarda-pós xadrez branco e vermelho, como se vê em filmes antigos. No mercado tem também uma barraquinha de cookies, que vende os melhores que já comi. Quentinhos e macios, com recheio e não muito caros. Pena que não dá para trazer para o Brasil. Depois de passar pelo mercado, na procura por um táxi para chegar ao hotel, buscar a mala e ir para a estação de trem, tive a chance de ver pela primeira vez um cidadão tocar gaita de fole. O som daquilo é muito chato, mas de alguma maneira ele fez soar bem. Ou foi meu aguçado ouvido de turista que faz as coisas soarem melhor do que o nomal? Sei lá, isto importa?
A viagem de trem para Birmingham foi bem melhor que a para Oxford. Trem da Virgin, com lugares mais comfortáveis e sem muitas paradas no caminho. Birmingham é a segunda maior cidade da Inglaterra, depois de Londres e antes de outras grandes cidades como Liverpool. Chegando na estação de New Street, em menos de cem metros eu estava no hotel. Ao contrário do de Oxford, o Britannia Hotel não é lá grandes coisas, mas quebra um bom galho, principalmente por estar muito bem localizado, bem no centro da cidade, no centro comercial e financeiro de Birmingham. Toda a região do hotel é cercada por um calçadão chamado Bull Ring, onde se encontram shopping centers muito bacanas e vários restaurantes. É a primeira cidade que estive nesta viagem que realmente se preocupou com a decoração do natal.
Não andei muito por Birmingham. Estava cansado e com muita saudade de casa. Trabalhei bastante, andei um pouco pelo centro, tirei fotos da igreja e foi só. A volta para o aeroporto de Heathrow foi interessante, uma vez que metade da viagem foi de ônibus, que passou por toda a cidade de Reading, que eu sempre quis conhecer por causa do famoso festival de rock.
Acabou. Foi uma semana interessante, cansativa e proveitosa. Mais 6 horas de aeroporto, 11 de avião, 2 de aeroporto, 1 de avião e 20 minutos de carro e estou em casa, o melhor lugar do mundo.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
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